PretaLab: conectando mulheres negras e indígenas ao mercado tecnológico

Neste artigo vamos contar um pouco sobre o projeto PretaLab, que busca conectar mulheres negras e indígenas com o mercado da tecnologia e inovação.

Tecnologia e poder

Tecnologia não é neutra, ela implica em transformações sociais profundas. Conforme a tecnologia se sofistica, nossa vida se torna cada vez mais digital. Mas quem é responsável por estas transformações? Qual é a cara de quem cria tecnologia hoje?

Se caso a primeira imagem que vem à mente é um homem, branco, cisgênero, não estará errada. Segundo pesquisas, o projeto PretaLab revela que o setor é composto majoritariamente por este perfil.

Isso mostra que, embora seja um setor em constante crescimento, ainda precisa tornar-se muito mais diversificado. Existem vários motivos para isto. Um deles é entender que quanto mais plural uma equipe de inovação e tecnologia, mais diversificada e inclusivas suas soluções.

Uma equipe sem diversidade possuí uma visão limitada para as necessidades reais da sociedade.

Uma organização

Mas antes da apresentação do projeto PretaLab, vamos falar um pouco sobre a organização que o idealizou. Tudo começa com a organização não governamental chamada Olabi, e seu foco é democratizar a tecnologia em prol da transformação social.

Olabi surge em 2004 na cidade do Rio de Janeiro como um espaço destinado para a aprendizagem nas áreas de inovação social, tecnologia e criatividade.

Com o tempo, Olabi foi criando diversos projetos e ações sociais focado em educação e diversidade para o setor de tecnologia.

Assim, Olabi se apresenta como uma plataforma que se se preocupa com as questões sociais de gênero e raça no setor tecnológico. Olabi elabora projetos para diminuir cada vez mais essa desigualdade, criando pontes e abrindo diálogos entre a tecnologia e sociedade.

Muitos projetos

Olabi trabalha com diversos projetos.  Aprenda Com uma Avó surgiu em 2019 com a intenção de unir avós que tenham vontade de ensinar e uma comunidade que tenha vontade de aprender. A ideia é promover encontros virtuais entre gerações e incluir as vovós na era digital. Com a pandemia, o projeto se tornou uma plataforma online de oficinas gratuitas organizadas pelas vovós.


O projeto Bloco oferece toda a infraestrutura de uma casa que além de ser a sede da Olabi reúne espaços multiculturais para a recepção de iniciativas ligadas aos mais diversos setores. Oferece desde laboratórios de tecnologia, salas customizáveis para reuniões até uma cozinha para encontros e cursos gastronômicos.

No projeto ProtegeBR há a preocupação com a falta de suprimentos hospitalares. Para ajudar nesta frente, o projeto foca em estimular doações de suprimentos hospitalares e criar a conexão necessária entre pontos que se necessitam, mas não se encontram. A plataforma também opera na centralização de informações e levantamentos de dados para rastrear todas as necessidades dos centros hospitalares e todos aqueles agentes que estão aptos e dispostos a supri-la.

Além disso, Olabi possui a iniciativa para fomentar a experiencia de diversidade & inclusão nas empresas. O projeto disponibiliza um Ebook e mais 4 episódios de Podcast que oferecem conteúdo apontando a necessidade de possuir um time diversificado e como avançar para esse futuro de maneira responsável, consciente e justa.

Projeto PretaLab

O projeto surge em 2017 com a preocupação de identificar quem são as profissionais mulheres negras que estão presente no setor de tecnologia. Além de tentar expor a sua baixa presença e permanência no setor através de extenso estudo e pesquisa, também busca criar um link entre elas e as empresas de tecnologia.

Com o tempo o projeto foi se transformando e hoje opera em diversas frentes. Produz ciclos formativos e workshops que oferecem qualificação técnica para mulheres negras e indígenas que desejam fazer parte do setor tecnológico.

PretaLab também possuí cadastradas profissionais das mais variadas especialidades da tecnologia. Estes cadastros criam a oportunidade para que as empresas busquem e encontrem profissionais de alta qualidade, mas que ainda são a minoria no setor.

Além disso, o projeto entende que apenas aumentar a visibilidade de mulheres negras e indígenas na área de tecnologia não é suficiente. As empresas precisam estar preparadas para saber a importância da diversidade em suas contratações. 

Por isso o projeto oferece também o serviço de consultoria para empresas que desejem se atualizar sobre a importância e a urgência da diversidade no setor tecnológico e como receber essas profissionais em sua equipe.

Estudos e Pesquisas

Outra frente central são os reports e pesquisas feitas ao longo do projeto. Ao cruzar dados entre pesquisas de instituições oficiais com suas próprias pesquisas, o projeto PretaLab apresenta argumentos mais do que suficientes para contextualizar a urgência e importância de sua iniciativa.

A pesquisa Quem Coda, feita em parceira com a ThoughtWorks, revela o perfil dos profissionais de tecnologia hoje. Ao revelar que mulheres negras e indígenas ainda não são devidamente representadas, a pesquisa demonstra não apenas a predominância de homens brancos na área, mas como isto pode se tornar um problema ao setor.

Além disso o projeto também já apresentou dois reports importantes de levantamento e cruzamento de dados, como o report de 2018 e o mais recente report de 2022.

Embora estes estudos elucidem muito a realidade da mulher negra e indígena nos setores de tecnologia, ainda há muito dados para serem levantados. Por isso, o projeto alega que longe de querer concluir, a intenção é continuar pesquisando e trazendo mais dados que apontam a importância do protagonismo negro e indígena em áreas tecnológicas.

Um déficit para o setor

O setor tecnológico é um dos setores mais importante da atualidade e que mais movimenta dinheiro. Suas inovações afetam a vida de todas as pessoas e está cada vez mais dentro do cotidiano da população do mundo inteiro.

A partir do momento que este setor tão importante e tão presente não possuí equidade entre gênero e raça, ele passa a ser um setor que nunca irá conseguir abarcar todas as necessidades e soluções de uma sociedade cada vez mais tecnológica.

Por isso, é importante criar meios, conexões, projetos e inciativas que busquem dar foco para as profissionais negras e indígenas terem voz ativa e participarem cada vez mais das decisões e criações que afetam a vida de todas as pessoas.

Estar fora deste setor é ter menos poder para decidir sobre o próprio futuro e da sociedade que se almeja viver.

Com o crescimento da demanda de profissionais capacitados é importante que empresas comecem a possuir recrutamentos exclusivos para que possam reparar a desigualdade que existe até então.

O Futuro da tecnologia

O machismo e o racismo estão presentes de forma estrutural na sociedade e para isso mudar é necessária uma mudança completa da sociedade e sua forma de pensar a sua produção.

Projetos muitas vezes não possuem este alcance, mas é através de pequenas iniciativas, mudando a vida das pessoas e trazendo esclarecimento, que um futuro mais justo se anuncia.

 Para além do homem branco pisando em outro planeta, o que se espera do futuro da tecnologia é que ela possa operar para diminuir as distâncias sociais e criar oportunidades iguais para todas as pessoas.


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